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James Dewey Watson nasceu em Chicago, Estados Unidos, em 1928. Matriculou-se muito jovem na Universidade para estudar zoologia mas, nessa época, estava interessado em aves, não se tendo adaptado ao curso. Aos 19 anos transferiu-se para a Universidade de Indiana e desde então, voltou-se para a genética. Passou por diversos centros. Finalmente, em 1953, em comum com o físico inglês Francis Crick (nascido em 1916), estabeleceu a estrutura do DNA. Ganhou o Prêmio Nobel em 1962. Entrou numa disputa mesquinha com Crick a propósito da paternidade da revolucionária descoberta. Sem tomar partido quando a isto, todos os estudiosos consideram ser o autor de sua melhor exposição: The Double Helix (Penguin, 1968). Conhecido historiador da ciência, Paul Stratfern, a propósito dessa obra, teria oportunidade de escrever o seguinte: “Melhor autobiografia em primeira mão de uma descoberta científica já escrita, repleta de detalhes pessoais quanto de ciência. Tendenciosa (contra Francis Crick, é claro), mas uma excelente leitura para cientistas e não cientistas também”.

Como a descoberta em apreço foi precedida de erros e acertos ao longo de praticamente todo o século XX, torna-se indispensável assinalar aqueles passos que proporcionaram os grandes avanços naquela direção.

A redescoberta da obra de Mendel – e a aceitação da hipótese de que os caracteres adquiridos transmitiam-se através do gene – direcionou a pesquisa para a observação e o registro de seu comportamento. Como os microscópios disponíveis não permitiam fazê-lo diretamente, as experiências cuidaram de acompanhar os seus efeitos em seres vivos. Os estudos paralelos do átomo e o desenvolvimento de experiências empregando os raios X, com o propósito de observá-los, proporcionaram grandes avanços na biologia.

Outro passo importante consistiu no entendimento de que o processo celular não era simplesmente mecânico, compreendendo transformações químicas. No intervalo entre as duas guerras estruturou-se a bioquímica, como ramo autônomo da ciência, tendo por objetivo o estudo das reações químicas em processos vitais. Graças a isto, o estudo voltou-se para o agente químico denominado proteína, principal componente dos organismos vivos. Do desdobramento desse tipo de pesquisa é que se chegou aos ácidos nucléicos, de cuja complexidade sequer se suspeitava e, consequentemente, ao DNA, ácido nucléico que contém o “princípio transformador”, ou, mais simplesmente, o código genético.

Dentre os estudiosos que muito contribuíram para a identificação precisa desse “segredo” destaca-se Linus Pauling (1901/1994), ao aventar a hipótese que as longas moléculas de proteínas eram espiraladas, em forma de hélice.(1)

Crick e Watson deram o passo final ao sugerir que a molécula do DNA consistia em duas hélices enroladas uma na outra. O novo modelo permitiu imaginar como o DNA operava para orientar a formação de outras moléculas, pois cada fileira de DNA podia agir como molécula para outros ácidos nucléicos. Nos anos 60 dispunha-se de uma explicação bioquímica completa para a proteína do gene, permitindo identificar como uma codificação genética pode dar as instruções necessárias para a formação de determinados tipos de moléculas. Assim, descobriu-se o princípio básico de como uma espécie se autoreproduz.

No final do século havia-se chegado à constituição do que se chamou degenoma – mapa genético – das principais espécies de seres vivos. (Ver também DARWIN, Charles e MENDEL).


(1) Até que a estrutura do DNA fosse desvendada, o estudo dessa questão, no campo das humanidades, fazia-se através do livro de Linus Pauling – A natureza da molécula química. Pauling ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1954. Graças aos esforços que desenvolveu nos meios científicos em prol do desarmamento nuclear, viria a merecer o Prêmio Nobel da Paz em 1962.